Pipeline mostra que volume de operações pode dobrar em 2021

Por Rafael AG74

Com exceção de trabalhar com as equipes home office, nada mudou no dia a dia das securitizadoras com a pandemia de Covid-19, afirma o fundador da True, Fernando Brasileiro. Nesta entrevista, ele conta que o mercado continua agitado e se 2020 já foi um ano “espetacular” em número e volume de operações, 2021 está sendo melhor ainda.

“As operações em execução e o nível de atividade já batem os do ano passado. As operações de securitização imobiliária, do agronegócio e financeiras têm um período de execução de 30 a 90 dias, em média. Então, considerando o pipeline do que foi fechado, já fizemos no primeiro trimestre de 2021 quase o volume do primeiro semestre de 2020”, ressalta Brasileiro.

Muitos mercados foram afetados pela pandemia. Podemos dizer que algumas operações de securitização ficaram represadas neste período?

Não! Pelo contrário, tivemos principalmente no setor imobiliário e no setor agrícola um volume muito grande dos negócios. Os investidores continuaram lançando projetos e desenvolvendo os que já estavam em andamento, continuaram buscando funding e captaram muito, inclusive, via securitização.

O mercado investidor busca esse tipo de ativo com vontade, em especial porque os fundos imobiliários cresceram muito. O que acontece é que a alocação dos fundos captados ao longo de 2019 e 2020 precisava ser feita, então esse movimento manteve a inércia, mas estamos em um ano muito forte de negócios.

O que você enxerga de novidades, de novos produtos de securitização que podem ganhar força no longo prazo?

Acredito que o mercado de CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) deverá crescer muito. A legislação atual (Lei nº 14.130/2021, publicada em 3 de março) permite a criação dos fundos de investimentos nas cadeias produtivas do agronegócio. Será possível fazer fundos de CRA e só esse movimento deve gerar nova demanda. A maioria dos CRAs vinha sendo adquirida por pessoas físicas em colocações diretas do ativo. Agora, isso deve seguir a tendência do CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), ou seja, a pessoa física canalizar a demanda via fundos de investimento.

Os primeiros fundos ainda têm que ser lançados, mas me parece que é uma tendência que se inicia em 2021, para em 2022 provavelmente começar a se consolidar, como aconteceu com os fundos de investimento imobiliário de CRI, que cresceram muito.

Você também afirmou que o cliente hoje tem um menu de opções, de ativos e de estruturas mais diversificadas, o que considera uma situação típica de um mercado em amadurecimento, que começa a ter mais oferta, liquidez e a atender uma gama maior de tomadores e de investidores. Quais as precauções que esses investidores devem tomar na hora de escolher nesse cardápio?

Muitas das operações estão indo via fundos de investimento que são geridos por gestores e administrados por instituições muito profissionais e técnicas, e isso já garante uma qualidade mínima dos papeis que estão sendo ofertados para as pessoas físicas, por exemplo. O gestor e o administrador fazem essa análise prévia.

Mas, por outro lado, para quem compra papéis como o CRA e outros ativos originários de securitização, é importante olhar não só a qualidade do papel e do lastro, mas também a qualidade da própria securitizadora. “Minha securitizadora é uma securitizadora ativa? Tem tradição no mercado, infraestrutura e processos fortes para garantir a boa administração do dia a dia dos papeis e o eventual trato de problemas que possam acontecer no meio do caminho? No caso de volatilidade, ela está preparada para lidar com isso?”. Essas são perguntas que cada vez mais o investidor deve fazer.

Não adianta você ter um bom lastro se, no momento de volatilidade, a administração desse lastro é mal feita, se não há um controle adequado, se não há tecnologia e infraestrutura para isso. Isso é o que vai separar o joio do trigo, no sentido da escolha dos melhores papéis.

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