Investor Education: Adquiro o título diretamente ou compro cota de um fundo de investimento?
A questão sobre se um investidor deve adquirir os ativos diretamente ou comprá-los via estruturas de fundos sempre desperta discussões acaloradas entre especialistas, acadêmicos e profissionais do mercado financeiro. Essa discussão, porém, não tem uma resposta simples que valha para todos os investidores indistintamente, pois é necessário avaliar uma série de aspectos individuais antes que alguém possa tomar uma decisão informada sobre o assunto.
Em primeiro lugar, é óbvio que um gestor de fundo não trabalha de graça, ele cobra uma taxa de administração. Portanto, do ponto de vista estritamente de custos, sai mais barato investir diretamente nos ativos, ou seja, o investidor que consegue investir por conta própria tem a tendência de ganhar mais dinheiro. Dizemos tendência porque, na prática, você só sabe se ganhou ou perdeu dinheiro com um ativo depois que o investimento terminou. Antes, há apenas uma expectativa de rentabilidade, pois qualquer atraso, inadimplência ou evento ocorrido ao longo do prazo deste investimento, pode afetar significativamente a rentabilidade do investidor.
Daí, é importante escolher ativos que performem de acordo com a expectativa o mais próximo possível da análise realizada na época em que se tomou a decisão de investir. Mas acontece que, ao longo do prazo de um investimento, as coisas mudam, o mundo está diferente todos os dias, assim empresas, devedores, garantias e os mercados se transformam ao longo do tempo. Difícil saber, na largada, se um título de 10 anos vai performar bem durante todo o seu prazo.
Os fundos de investimento são uma forma mais segura de se acessar o mercado, especialmente para o pequeno investidor, para aqueles não têm tempo de gerenciar uma carteira de ativos, dispõem de poucos recursos para diversificar a carteira adequadamente (recomenda-se o máximo de 5% da carteira total de um investidor em um único título), ou não possuem conhecimento adequado para avaliar o cenário macroeconômico, a dinâmica dos diferentes setores, a liquidez dos papéis, o perfil de crédito das empresas/devedores, a qualidade das garantias e sua exequibilidade. Contudo, isso traz um custo atrelado. Uma outra vantagem dos fundos, e que também pode ser uma desvantagem, é que o gestor pode tomar, discricionariamente, todas as decisões de compra e venda dos títulos. Claro que, esperançosamente, um gestor profissional tende a acertar mais do que errar, mas ele pode, sim, tomar decisões equivocadas, por exemplo, vendendo ou comprando um título na hora errada, comprometendo definitivamente a rentabilidade do investidor e cotistas.
No caso dos títulos de CRI, há as duas possibilidades para o investidor: comprar os títulos diretamente ou através de fundos imobiliários de papéis (Fundos de CRI). No caso dos CRA, ainda não há fundos dedicados a este tipo de ativo, os investidores têm que adquiri-los diretamente. Recomenda-se, sempre, prudência em ambos os casos.
Maximiliano Marques Rodrigues, M.Sc., CFP, CGA
Diretor de Distribuição da True Securitizadora