Como proteger seu capital na tempestade?
Pandemia do Corona vírus, crise no setor do petróleo… A tempestade atingiu os mercados financeiros. Quais as perspectivas daqui para frente? Como fica o investidor e quais as oportunidades disponíveis no atual cenário? Confira a análise da True!
Cenário mundial – Tudo mudou em pouco tempo. Meses atrás, vivíamos o all time high dos mercados financeiros. Índices internacionais de referência, como o S&P 500 superavam suas máximas históricas. Nós teremos crescimento sim, mas um crescimento lento. Devemos ter um país andando devagar até 2023. Então, pelo menos mais dois anos. O que seria esse devagar? Um PIB crescendo entre 1 e 2% A economia americana, considerada a locomotiva global, muito aquecida. A China, por outro lado, já apresentava sinais de desaceleração econômica, mesmo antes da epidemia da COVID-19. Os países da Europa, de forma geral, com crescimento estagnado. A crise global causada pelo avanço da pandemia do covid19 sacudiu os mercados financeiros e turbinou a crise de preços e demanda do petróleo.
O que esperar daqui para frente? Haverá queda dos principais indicadores para 2020, em função do efeito de paralisia de várias economias em função das medidas adotadas para conter a pandemia, como fechamento de estabelecimentos comerciais, fábricas, entre outros, resultando em PIBs menores que nos anos anteriores, explica Maximiliano Marques, diretor de distribuição da True. “Quando a crise arrefecer, o mundo voltará ao seu estado de normalidade, mas isso acontecerá aos poucos. Então, provavelmente teremos um restante de 2020 e 2021 com um crescimento grande para a frente, mas que na média será inferior aos anos anteriores por algum tempo”.
Cenário Brasil – Além dos impactos da instabilidade nos mercados internacionais, o País enfrenta suas próprias mazelas, como os efeitos do estado de calamidade pública devido ao avanço dos casos da COVID-19 e a crise fiscal provocada pela baixa arrecadação – que tende a se agravar, tendo a reboque de um PIB com fraco crescimento nos últimos anos e uma expressiva parcela população em situação de desemprego.
Qual a oportunidade? Os esforços conjuntos do Governo Federal e do Congresso no endereçamento de grandes questões, como a aprovação de medidas para enfrentamento à pandemia e minimizar seus efeitos na atividade econômica, poderá facilitar a futura aprovação de reformas necessárias, a exemplo da reforma administrativa (a segunda maior cifra de gastos do Governo é com salários, depois da previdência) e a reforma tributária para a simplificação de impostos. Se isso acontecer, melhoram as oportunidades de crescimento para o Brasil. “Várias das medidas aprovadas no contexto da crise ajudarão na recuperação econômica, mas deveremos ter um país andando devagar até 2023, com PIB crescendo entre 1 e 2%”, acrescenta Max.
Como fica o investidor? Na crise – e mesmo fora dela – é importante respirar fundo e não esquecer os fundamentos do bom investimento. Diversificar é o conceito chave, destaca o executivo da True. O ponto de convergência entre a maioria dos gestores de patrimônio é que em um país com volatilidades como o Brasil, seria interessante o investidor ter alguma coisa entre 50 e 60% dos seus recursos totais aplicados em renda fixa, algo perto de 20 a 30% em investimentos no mercado imobiliário e cerca de 10 a 20% em renda variável. Obviamente, essa é apenas uma referência: a composição escolhida pelo investidor deve ponderar seu momento de vida, situação de liquidez e perfil de risco.
Onde estão as oportunidades? A dica é explorar as boas alternativas de crédito privado na cota da renda fixa (50 a 60%), considerando o cenário de juros em queda, que torna os títulos públicos menos rentáveis, e de instabilidade no mercado acionário. É aí que se encaixam os CRI – Certificados Recebíveis Imobiliários e os CRA – Certificados Recebíveis do Agronegócio. “Uma grande vantagem desses títulos é que a maioria conta com garantias reais: imóveis, fluxo de recebíveis, aval de empreendedores, fianças etc. No momento da crise, esse conjunto sólido de garantias permite que esses papéis tenham menos volatilidade. Num portfólio moderado ou agressivo, esses títulos de renda fixa de crédito privado podem compor uma parcela importante dessa diversificação”.
Outra vantagem para o investidor é que esses títulos pagam juros (boa parte deles mensais), vários têm amortização e normalmente são títulos de média e longa duração – 5, 10, 12 anos. “Então, eles garantem um fluxo estável de renda durante períodos extensos e ainda – no caso dos CRIs e dos CRAs – contam com isenção de imposto de renda para a pessoa física. Isso dá um ganho adicional, no mínimo, de 15% a mais do que as alternativas tradicionais de investimentos”.
Cuidados a observar – É fundamental diversificar os títulos adquiridos tanto em relação a devedores como segmentos. E aí entra outra vantagem do CRI e do CRA – o leque de possibilidades. O mercado imobiliário, por exemplo, conta com diferentes subsetores: incorporação residencial, shopping centers, logística, lajes corporativas, edifícios comerciais etc. Já no agronegócio há títulos de produtores rurais, comercializadores (supermercados), empresas de transporte, entre outros.
A boa regra de investimento indica que um título isoladamente não deve representar mais do que 5% do patrimônio total do investidor. “Então, seria interessante ter pelo menos 20 títulos de crédito privado diferentes para obter uma carteira confiável e mais rentável – o que se pode ter via aquisição direta de títulos ou adquirindo a cota de um fundo de CRI. E estudar sempre as garantias atreladas aos papéis; nem todos têm garantias reais – alguns são risco de crédito puro do empreendedor – pode ser interessante, mas é necessário o investidor fazer uma boa análise de crédito”, observa Max.
“Uma carteira diversificada do ponto de vista de devedores, segmentos e sub segmentos é uma carteira sólida, que deve gerar bons retornos no médio e longo prazo e mais resilientes nos momentos de stress do mercado”, finaliza o executivo.
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