Em cenário volátil, CRI e CRA colaboram para desempenho de carteiras diversificadas
Com rentabilidade previsível e isenta da mordida do “leão”, os títulos de crédito privado estruturado CRI e CRA conquistaram espaço na carteira dos investidores.
As qualidades dessa classe de ativos mostram-se ainda mais interessantes em períodos de turbulência no mercado financeiro – e que analistas projetam ainda se estender pelo restante de 2021 e no ano eleitoral de 2022.
Resiliência à crise – Mesmo com o represamento de várias emissões devido ao estado de calamidade pública instalado pela pandemia de COVID-19, as operações de CRI e CRA representaram 20% do total de títulos emitidos no Brasil em 2020. No caso das emissões de CRI, houve aumento de 22% em volume no ano da crise, segundo levantamento feito pela Forbes com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Crédito mais caro – Em movimento esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou, em 17 de março, a taxa básica de juros pela primeira vez desde 2015 – de 2% para 2,75% a.a.
A retomada da alta de juros se justifica, dentre outros fatores, para combater o avanço da inflação. O Boletim Focus de 29 de março registrou a 12ª elevação semanal nas expectativas do mercado financeiro para o IPCA de 2021, para 4,81% a.a.
Na outra ponta, a elevação dos juros implica mais desafios para as empresas. Enquanto administram os impactos negativos de 2020 nos negócios e o recrudescimento das restrições para conter o avanço da pandemia em 2021, os empreendedores terão que lidar também com acesso ao crédito bancário mais caro.
Empresas de médio e grande porte com governança bem estruturada e garantias sólidas, em setores que enfrentam dificuldades momentâneas, poderão ter oportunidade de fortalecer seu caixa por meio da captação de recursos com operações de securitização com CRI, no caso de ativos ligados ao mercado imobiliário, e CRA, para ativos ligados à cadeia do agronegócio.
Diversificação para o investidor – Com a escalada da inflação e a projeção do mesmo boletim Focus para a taxa Selic encerrar 2021 no patamar de 5% a.a., há probabilidade de que o investidor que aloca na renda fixa mais conservadora, como poupança e títulos públicos, possa ver a rentabilidade desses investimentos com juro real negativo ou no zero a zero neste ano.
A diversificação do portfólio torna-se ainda mais importante para que o investidor consiga elevar a rentabilidade geral da carteira nesse período.
O CRI e CRA estão entre as alternativas disponíveis para o investidor. Dentre os benefícios desses títulos, como já citado, estão os rendimentos isentos de imposto de renda. Isso, de largada, já possibilita rentabilidade líquida 15% maior em relação a títulos de renda fixa tributados.
Previsibilidade de retorno – Outro ponto importante, especialmente em cenários de turbulência em curto e médio prazo, é a previsibilidade do retorno dos investimentos.
Diferente da renda variável, o investidor de CRI e CRA sabe qual será a rentabilidade que obterá ao carregar o título até o final, independente da situação de mercado. Muitos títulos têm como referência índices como CDI, IPCA, IGP-M e outros mais prêmio de juros que podem variar de 2%, 5%, 7% ou mais pontos percentuais – conforme o risco da operação.
Captura de oportunidades – Como são papéis de mais longo prazo, é possível – e recomendado – diversificar os títulos de CRI e CRA entre várias empresas e setores. Assim, pode-se balancear riscos e capturar oportunidades, inclusive dos mercados que deverão ter forte retomada com o avanço da vacinação em massa.
Com o fortalecimento do mercado secundário, há também possibilidade de rentabilidade no curto prazo – ainda que a liquidez desses títulos seja menor comparada a alternativas mais tradicionais.
Ao fazer sua diversificação de portfólio, o investidor deve avaliar a compatibilidade com seu perfil de risco e se informar sobre os riscos e garantias envolvidos na operação, disponíveis no termo de securitização.
Comprados por investidores profissionais em sua maioria, os títulos de CRI e CRA também estão ao alcance de investidores iniciantes nessa classe. Se preferir, poderá fazer a diversificação por meio de fundos que compram esses papéis e contam com gestores especializados.